Não é de hoje, pesquisas mostram que o efeito da radiação emitida por celulares afetam o organismo e podem aumentar o risco de câncer.
Em 2010, a World Health Organization liberou um estudo chamado Interphone, que analisou mais de 5.000 tumores cerebrais ocorridos entre os anos 2000 e 2004. O estudo foi realizado em mais de 13 países e concluiu que pessoas que haviam usado celulares por mais de uma década tinham o dobro de risco de ter tumores malígnos no cérebro, comparados às pessoas que usavam menos os celulares.
Para a epidemiologista Devra Davis, isso não é uma surpresa. Davis vem liderando uma cruzada para convencer as pessoas a deixarem os celulares longe de suas cabeças. A pesquisadora afirma que não faltam estudos que apontam para os riscos do uso dos celulares.
Esses estudos, no entanto, não ganham muito espaço para divulgação na mídia, já que a indústria dos celulares e smartphones se tornou um mercado bilionário, que movimenta a economia de muitos países. O próprio Interphone levou 6 anos para ser divulgado, pois seus autores ainda debatiam a melhor forma de apresentar os resultados.
As evidências
É fato que a radiação enfraquece o esperma. Em pesquisas, Devra Davis e sua equipe mantiveram duas amostras de espermas. Uma metade foi mantida sozinha, morrendo naturalmente. A outra foi exposta a radiação de celulares e morreu três vezes mais rápido. Além disso, homens que usam celulares por mais de quatro horas por dia têm a metade da contagem de esperma que os demais.
Para crianças, o risco pode ser ainda maior, já que seus cérebros ainda estão se desenvolvendo e a radiação acaba penetrando duas vezes mais. A medula óssea de uma criança absorve até dez vezes mais radiação. Não à toa, países como a França já tornaram ilegal a venda de celulares para crianças.
De que provas nós precisamos?
Na verdade, o assunto é mais complicado do que parece a primeira vista. Mesmo Davis concorda que não há provas categóricas de que o uso prolongado do celular pode ser fatal. O problema é que as “provas” definitivas que são exigidas pela comunidade científica só podem ser dadas assim que mortes começarem a acontecer. Em entrevista para o jornal Folha de São Paulo, a pesquisadora respondeu à pergunta da seguinte maneira:
"Quando você diz “provas”, você quer dizer cadáveres? Você acha que só devemos agir quando já tivermos prova? Terei que discordar. Hoje temos uma epidemia mundial de doenças ligadas ao fumo. O Brasil também tem uma epidemia de doenças relacionadas ao amianto. Só recentemente vocês agiram para controlar o amianto no Brasil, apesar de ele ainda ser usado. Ninguém vai dizer que nós esperamos o tempo certo para agir contra o tabaco ou o amianto. Estou colocando minha reputação científica em risco, dizendo: temos evidências fortes em pesquisas feitas em laboratório mostrando que essa radiação danifica células vivas".
É comum haver confusão em relação aos estudos. Mesmo depois da divulgação do Interphone, manchetes dos principais jornais do mundo se dividiam. Alguns jornais divulgavam que o uso do celular poderia causar câncer, enquanto outros afirmavam que, segundo o estudo, não havia nenhum risco. Na verdade, nenhuma das manchetes era mentirosa, pois os dados não eram de fato conclusivos.
Os cientistas concordam que mais pesquisas ainda precisam ser feitas, mas a principal questão, segundo Davis, é: o que faremos até que essas pesquisas sejam concluídas?
É claro que não se sugere que simplesmente abandonemos os celulares. Eles são praticamente essenciais hoje em nossas vidas. Ainda assim, é possível usá-los de forma bem mais inteligente do que fazemos. Eis aqui algumas ideias:
1.Informe-se mais
Existem diversos estudos a respeito do assunto. Além de Devra Davis, o professor Joel Moskowitz da Universidade da Califórnia, a doutora Elisabeth Cardis de Barcelona e Henry Lai, autor do livroDisconnect, são bons nomes para se começar a saber mais.
2. Use o viva voz
Use o celular no viva-voz, sempre que possível. Mantê-lo ao pelo menos 3 cm de distância da sua cabeça já pode ajudar muito.
3. Fones de ouvido
Se não puder usar no viva-voz, use fones-de-ouvido para atender as chamadas.
4. Mantenha o celular longe do corpo
Mesmo quando não estiver usando, mantenha o celular longe do corpo, em uma bolsa ou em cima da mesa. Em contato com qualquer parte do seu corpo ele pode ser perigoso a longo prazo.
5. Não dê um celular para uma criança
Crianças não precisam e não devem usar celulares. Lembre-se que o risco para ele é muito maior.
6. Cuidado redobrado
Limite o tempo de seus filhos com gadgets como os tablets.
7. Abuse dos SMS
Prefira se comunicar por mensagens de texto, sempre que possível. Assim você mantém o aparelho longe do seu corpo.
8. Espalhe a informação
Por fim, espalhe a informação para seus conhecidos. Pode parecer chato, mas o assunto é importante. Você não vai querer esperar que os problemas apareçam para tomar alguma medida!
Revista novo Perfil Online
Fonte: Discovery Brasil
Por Gabriel Tonobohn