Revista Novo Perfil Curiosidades

sábado, 12 de abril de 2014


Dr. Masaichi Fukushi foi um médico patologista nascido em 1878 que, devido a seu estudo a respeito de sinais (como verrugas e manchas) na pele humana, em 1907, acabou se interessando pela tatuagem ao descobrir que era possível comparar com mais facilidade o movimento do pigmento dos sinais por meio do estudo do movimento do pigmento aplicado em peles tatuadas. Ele descobriu ainda que a pele penetrada por agulhas evitava a recorrência da sífilis em peles recentemente tatuadas – o que aumentou ainda mais seu interesse pela arte da tatuagem. Em 1920, o Dr. Fukushi aceitou um cargo no Mitsui Memorial Hospital, no centro de Tóquio, onde teve contato com diversas pessoas tatuadas nos moldes japoneses tradicionais. 

O hospital Mitsui era uma instituição de caridade que atendia as classes mais baixas e, à medida em que os tatuados faleciam, por doença ou velhice, Fukushi realizava as autópsias e preservava suas peles. Após ter passado um tempo na Alemanha, o médico retornou ao Japão, indo trabalhar na Nippon Medical University, na qual continuou a pesquisar sobre pigmentos na pele e o crescimento congênito de sinais e verrugas, voltando, então, a estudar peles tatuadas. Na universidade, ele desenvolveu um método de tratamento e preservação especificamente da camada dermal que continha a tatuagem, podendo esticá-las e colocá-las em molduras sobrepostas com vidros, possibilitando que pesquisas médicas posteriores também pudessem ser feitas. 

O projeto de Fukushi teve total cooperação dos tatuados, com quem mantinha boas relações e dividia o pesar de que trabalhos feitos tão meticulosamente fossem perdidos com a morte de quem os carregava. O médico até chegou a ajudar financeiramente aqueles que não tinham condições de terminarem suas tatuagens, pagando para completarem seus fechamentos! Em troca, ele tinha o direito de obter a pele do indivíduo depois que morresse – uma cobrança irrisória, já que muitos tatuados estavam dispostos a doar suas peles de bom grado e fariam qualquer coisa para não ter de lidar com a desgraça e humilhação de viver com uma tatuagem incompleta! Com sua atitude, Fukushi se tornou extremamente respeitado e admirado entre os grandes mestres japoneses da tatuagem, sendo convidado, inclusive, para ser jurado em convenções.


Nos anos de 1927 e 1928, Masaichi Fukushi dedicou-se à divulgação de seu trabalho pelo ocidente, oferecendo cursos e palestras sobre pigmentação, bem como sobre a história e o processo da tatuagem japonesa. Durante suas viagens, um caso desafortunado aconteceu em 1928, na cidade de Chicago, nos EUA: um dos caminhões contendo quadros de peles tatuadas pertencentes ao médico foi roubado e nunca mais visto novamente, apesar de se ter oferecido uma generosa recompensa para quem devolvesse os artefatos levados.

Ao longo de sua vida, o doutor catalogou mais de 2 mil desenhos, juntamente com informações detalhadas sobre os “donos” das tatuagens e suas peles, além de ter colecionado mais de 3 mil fotos. Infelizmente, a maior parte de suas documentações foi destruída em 1945, durante o bombardeio de Tóquio na Segunda Guerra Mundial, que deixou os prédios da universidade em ruínas. Contudo, os espécimes de pele estavam guardados em outro lugar, permanecendo intactos.

Nos anos 1940 e 1950, as pesquisas de Fukushi e a tatuagem japonesa chegaram até a aparecer em artigos de revistas e jornais, incluindo duas edições da revista americana Life,uma de 11 de março de 1946 e outra de 3 de abril de 1950! (Cliquem nas respectivas datas para conferir as edições, disponibilizadas no Google Books; as matérias estão na seção “Speaking of pictures…”, na página 12.)

A custódia da coleção de peles tatuadas do médico passou para as mãos de seu filho, Katsunari Fukushi, que, tendo visitado vários estúdios com seu pai quando era apenas um garoto, acabou por seguir seus passos, tornando-se um patologista que se dedicou a estudar o câncer e um amante da arte da tatuagem japonesa. Ele chegou também a preservar e guardar peles tatuadas, adicionando mais de vinte exemplares à coleção. Curiosamente, pai e filho não chegaram a fazer tatuagens em si.

Katsunari escreveu e publicou diversos artigos sobre o tema, além de capítulos para os livros “Japanese Tattooing Colour Illustrated” (1972) e “Horiyoshi’s World” (1983), nos quais descreve o trabalho de seu pai e sua paixão pela arte na pele. Também na publicação“Tattoo Time Vol. 4 – Life & Death Tattoos” (número 1, 1987), produzido e editado por Don Ed Hardy, há um excelente artigo de Katsunari intitulado “Remains to be seen” (numa tradução literal, “Restos/Relíquias para serem vistos/as”).

Acredita-se que a Universidade de Tóquio tem 105 quadros contendo as peles tatuadas, sendo boa parte deles fechamentos de corpo inteiro! O departamento médico da universidade não é aberto ao público, mas eventualmente são permitidos agendamentos, de médicos e pesquisadores, para visitar a exposição.







Já este vídeo fala sobre o TRÁFICO DE PELE HUMANA e quem sabe esteja ai os responsáveis pelo caminhão roubado do professor?



Revista Novo Perfil Online
Fonte: F A U ─ U F P A
Vídeo: You Tube


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